Thursday, September 18, 2008

A caixa de Pandora

Na minha janela se esconde o mundo
Por isso deixo-a fechada
O ritual que a acompanha é simples
Aproximo-me, olho, ouço, paro
Depois concluo que a curiosidade não é o único ingrediente da perdição,
Que algo que popularmente elimina as sete vidas de um gato, não mata o Homem
Pois sou Homem e vivo

De um rectângulo observo as fatalidades da vida
A frenética movimentação citadina,
Os inquietos olhares que aspiram por segundos de inactividade
As luzes que no colo da noite denunciam uma secreta ansiedade,
Vontades omissas que rodeiam os rostos de quem as sente,
Escuto os segredos do silêncio, aqueles que todos vêem e não ousam verbalizar,
Ao longe, e tão perto, soam alarmes de impaciência, suspiros da calçada – cansada de ser pisada por tudo (e por nada) –, murmúrios das árvores que abrigam as esperanças humanas…
Permaneço imóvel, receando saber de mais, arrependida de querer verdades maiores que as de minha casa
Conto até cinco e procuro remediar o mal provocado
Em mim algo grita “as desculpas não se pedem evitam-se” e rapidamente se manifesta o castigo à minha insolência
À minha frente, avisto uma carreira de inúmeras perguntas que impedem que a luz de presença seja apagada

Sunday, February 17, 2008

França, América e Luxemburgo...

Every single tear had cleared my dirty face,
Every single fear was proving himself too hard to trace
And there I was, drowning in that sort of sea,
That deep private world
Filled with warm past memories and present cold misery

My last breath, though, was yet far to come
Still needed to prove everyone I have to suffer in order to earn

So here I am, desperately trying to fight
Secretly waiting for the three identical sisters to come and kiss me goodnight

Wednesday, February 13, 2008

Finding Marialand

Não sei quem foi que me disse, que fez tamanha tolice, hoje e não no passado...mas quem foi não fazia ideia, de quem tinha à sua beira. Coitado!

Ouvi que se chama Maria, bela, alta e esguia, fera de muito encanto...sedutora endiabrada, qual princesa encantada que a todos deixava num pranto.

Quando dei por mim (pelos pensamentos sem fim), entrara no labirinto dos oito pecados: tinha ira por a invejar, gula de a copiar, soberba (pela preguiça de me esforçar) e avareza, por imaginar-me capaz de sentir a luxúria que se alcança quando se é...a Maria.

O processo de metamorfose continuou, e neste dia aqui estou: exposta, por provar o Fruto Proibido. A maçã avermelhada mostrou-se assim envenenada e a magnífica pérola tornou-me menos do que incrédula por acreditar na boca do povo.E não é que a fascinante senhora se mostrou uma cigana, uma rapariga num bairro de origem africana, mais limpa que um chão bem polido?!

Onde estava a tigreza? Essa infame beleza que matava o homem pelo coração...Enfim, desvanecera, sem existir aqui e então.No fim, em vez da femme fatal que não quer ninguém(e não conhece quem a não queira), conhecera Maria João Quaresma, minha conselheira, uma encantadora criançota, que de sujo não tinha mais do que viver na aldeia da Porcalhota.